ATA DA TRIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 05.12.1995.
Aos cinco
dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se,
na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às dezenove horas e dezesseis minutos, constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão, destinada a homenagear os "120 anos da Colonização
Italiana", de acordo com o Requerimento nº 215/95 (Processo nº 1983/95),
de autoria dos Vereadores Paulo Brum e Jocelin Azambuja e aprovado pelo
Plenário. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato, Presidente desta Casa,
Senhor João Carlos Vasconcelos, Diretor-Presidente da Empresa Porto-Alegrense
de Turismo - EPATUR, representando o Senhor Prefeito Municipal, Coronel Irani
Siqueira, representando o Comando Militar do Sul, Senhora Nelci Casara,
Coordenadora dos Festejos dos 120 anos da Colonização Italiana, Professora Rita
Venturelli, representando o Senhor Cônsul da Itália, Senhor Fiore Giuseppe
Marrone, Presidente do Centro Calabrese Dell Rio Grande do Sul, Senhor Carmine
Motta, representando o "Comites". E como extensão da Mesa, o Senhor
Presidente citou as presenças das seguintes pessoas: Jornalista Firmino
Cardoso, representando a Associação Riograndense de Imprensa - ARI, Senhor
Francisco Laytano, Vice-Presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade
Italiana, Senhor Nilson da Silva, representando a Massolin de Fiori, Senhor
Marcelo Brota, representando o Jornal La Voice Di Itália. A seguir, o Senhor
Presidente destacou a importância do imigrante italiano para o desenvolvimento
econômico do Rio Grande do Sul, dizendo do orgulho que sente pela sua origem
italiana. Após, registrou o recebimento de "fax" enviado pelo
Deputado Federal José Fortunatti, que lamentou não poder comparecer a presente
Sessão, sendo ele descendente ítalo. Em continuidade, procedeu-se a
apresentação do Coral Massolin de Fiori, que interpretou o "Hino
Italiano", "Hino Nacional Brasileiro", "América,
América" e "E lalegrie". Em prosseguimento, o Senhor Presidente
concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador
Paulo Brum, em nome das Bancadas do PTB, PDT, PMDB, PPS, PSDB, PPR e do
Vereador Luiz Negrinho, Independente, reportou-se a sua infância, vivida
juntamente com diversas famílias de italianos, homenageando a amizade que uniu
italianos e brasileiros e fizeram dessa o progresso e o entendimento. O
Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, salientou o significado
dos imigrantes italianos para o desenvolvimento de Porto Alegre, do Estado e do
País. O Vereador Giovani Gregol, em nome da Bancada do PT, disse da importância
da cultura italiana, sua religiosidade, o amor ao trabalho, destacando a
presença dos descendentes italianos na região do MERCOSUL e em outros países,
como a Austrália. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, saudou
a presença da descendência italiana em todas as atividades produtivas do Rio
Grande do Sul, contribuindo para o enriquecimento de nossa economia e de nossa
cultura. Logo após, o Senhor Presidente concedeu a palavra a Senhora Nelci
Casara, que agradeceu a presente homenagem, historiando a vinda da imigração
italiana para o Estado, falando da mobilização que a Comissão Executiva dos 120
Anos da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul pretende desencadear no sentido
da valorização das culturas históricas da sociedade gaúcha. A seguir, o Senhor
Presidente registrou que o Coral Massolin de Fiori esteve no mês de outubro na
Itália, onde fez várias apresentações, lembrando que o Maestro Gil Salles é
Cidadão Emérito desta Capital e que todos os integrantes do Coral são
descendentes de italianos. Às vinte horas e sete minutos, nada mais havendo a
tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a
presença de todos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão de amanhã,
à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato
e secretariados pelo Vereador Paulo Brum, Secretário "ad hoc". Do que
eu, Paulo Brum, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos
Senhores 1º Secretário e Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Airto
Ferronato):
Senhoras e Senhores, declaramos aberta esta Sessão que se destina a homenagear
os 120 anos de colonização italiana. Este processo é de iniciativa do Ver. Paulo
Brum e do Ver. Jocelin Azambuja.
Além desta Presidência, compõem a Mesa: o Sr. João Carlos Vasconcelos,
Diretor-Presidente da EPATUR, representando o Sr. Prefeito Municipal; o Cel.
Irani Siqueira, representando o Comando Militar do Sul; a Sra. Nelci Casara,
Coordenadora dos festejos dos 120 anos da colonização italiana; a Profa. Rita
Venturelli, representante do Sr. Cônsul da Itália; o Sr. Fiore Giuseppe
Marrone, Presidente do Centro Calabrese Dell Rio Grande do Sul; e o Sr. Carmine
Motta, representando o "Comites".
Senhoras e Senhores, é com satisfação que realizamos hoje esta Sessão
Solene, marcando o transcurso dos 120 anos da imigração italiana no Rio Grande
do Sul.
No período de 1875 a 1889, chegaram ao nosso Estado mais de 60 mil
italianos, fundando várias cidades, entre elas Caxias do Sul. Permitam-me que
use as palavras de Synval Guazzelli para ilustrar a epopéia que representou a
vinda daqueles bravos colonizadores:
"À busca de novos horizontes, aventuraram-se, através dos mares, a
plagas desconhecidas, distantes como um longo adeus a suas províncias de
origem. Mudaram-se completamente, de corpo e alma para cá. Em sua parca
bagagem, muita autoconfiança inserida numa visão do futuro, semente do tanto
que produziram e produzem neste Rio Grande do Sul. Galgando serras, descobrindo
vales e encostas para os seus grãos e frutos, para os alicerces de suas casas,
ao suor da machadada e à força da esperança, os italianos, enfrentando
condições adversas, foram acelerando o processo civilizatório do Estado, numa
integração cada vez maior. A zona italiana vive hoje fase de extraordinário
desenvolvimento. Aldeias ontem, agora são grandes cidades. O cenário natural é
o mesmo, dominado pela tenacidade, pela fé no futuro, pela conquista da terra à
qual se doaram os imigrantes, preparando-a para seus filhos e os filhos de seus
filhos.A corrente imigratória trouxe ao Brasil não apenas a força de seus
braços, mas, principalmente, a inteligência e o espírito europeus e, portanto,
a própria dinâmica da civilização ocidental."
A formação do Rio Grande do Sul moderno se deve ao caldeamento racial
proporcionado pela intersecção de múltiplas correntes migratórias, notadamente
de origem portuguesa, alemã, italiana e negra. Dessa miscigenação surgiu uma
harmoniosa unidade humana na variedade racial; uma projeção viva do passado
histórico dirigida ao progresso dos dias futuros. O extraordinário progresso
econômico do Rio Grande do Sul, bem como sua naturalidade política e cultural,
não teriam atingido o elevado índice que hoje apresentam sem a generosa parcela
proporcionada pela obra dos imigrantes italianos. Nesses 120 anos, o arado
simples passou a ser máquina que produz outros arados, a madeira tosca
transformou-se em prédios suntuosos, a picada íngreme foi asfaltada - da uva ao
vinho, do vinho à metalurgia, aos implementos rodoviários, às confecções e a
inúmeras outras atividades industriais.
Descendente que sou de italianos, quero, neste momento, externar minha
gratidão aos ancestrais e meu orgulho pelas origens. Que a sua memória seja
reverenciada, junto com os demais que ajudaram a construir a pujança desse
Estado.
Registramos o recebimento de um fax enviado pelo Dep. José Fortunati.
(Lê.)
"Em virtude de compromissos em Brasília, não poderei prestigiar a
Sessão Solene desta Casa que homenageia os 120 anos da colonização italiana.
Como descendente ítalo não poderia deixar de expressar a oportunidade desta
homenagem, que enaltece a presença nesta terra de tão valorosa comunidade. Os
italianos não só colonizaram as encostas e a serra, não só trouxeram o vinho, a
graspa e o menestrone, como também enrijeceram a cultura brasileira com o amor
à família e a dedicação ao trabalho. É mais do que justo reconhecer solenemente
esta significativa presença e, ao mesmo tempo, congratularmos os pioneiros da
colonização, seus descendentes que cultivaram a integração e a atual comunidade
ítalo-brasileira que mantém vivos valores de tão densa humanidade.
Solicito, outrossim, que sejam estendidos cumprimentos especiais aos
Vereadores Paulo Brum e Jocelin Azambuja, autores da iniciativa.
Atenciosamente, José Fortunati.
Dep. Fed. PT/Rio Grande do Sul."
Registramos a presença do Jornalista Firmino Cardoso, representando a
ARI; o Sr. Francisco Laytano, Vice-Presidente do Conselho Deliberativo da
Sociedade Italiana; o Sr. Nilson da Silva, representando a Massolin de Fiori;
Sr. Marcelo Brota, representando o "Jornal La Voice Di Itália".
Assistiremos à apresentação do Coral Massolin de Fiori.
(O Coral apresenta-se.)
Queremos registrar, também, a presença do Ver. Artur Zanella. Com a
palavra, o Ver. Paulo Brum, proponente da Sessão, que falará em nome do PTB, do
PDT, do PMDB, do PPS, do PSDB, do PPR e em nome do Ver. Luiz Negrinho, sem
partido.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, Ver. Airto Ferronato, Srs. Vereadores, Senhoras e
Senhores. (Saúda os componentes da Mesa.)
Quando convidado a prestar esta homenagem aos 120 anos da colonização
italiana pelo meu colega de bancada, o Ver. Jocelin Azambuja, aproveito para
saudar um compromisso com o menino que fui.
Nascido em Fontoura Xavier, passei a minha infância no pequeno
Município de Rocca Salles, junto com diversas famílias de italianos. Com eles
aprendi o valor da família, abrigo natural para todos os nossos membros - a família
italiana que chora e que ri junto. Deles lembro-me da alegria das festas, da
gurizada que sabia respeitar os mais velhos, mas, sobretudo, lembro-me de
quando o trabalho fazia parte da vida de todos. E como o trabalho era saudável,
fonte de prazer de realizar, de fazer coisas para que todos pudessem realizar!
Guardo com muito carinho esses dias de menino, mas guardo com especial ternura
uma senhora, uma "nona", que em sua precária cadeira de rodas contava
histórias para todos nós. Nunca vi aquela "nona" triste, nunca a vi
queixar-se da vida ou de estar em uma cadeira de rodas. Encantada com tudo, em
sua vida só havia espaço para a alegria. Até hoje não sei qual o motivo que a
levou a uma cadeira de rodas, mas nos momentos mais difíceis para mim lembro daquele
sorriso doce e franco e me sinto fortalecido.
Quando já moço, em uma curva da vida, após um trágico acidente,
desenganado pelos médicos, o destino, mais uma vez, fez cruzar em meu caminho
um italiano de Ribeirão Preto, Dr. Bianco, que com sua capacidade de doação e
com a mão de Deus devolveu-me a vida.
Ao homenagear todos os italianos que chegaram até aqui há 120 anos e os
filhos dos filhos dessas pessoas, quero agradecer não só pelas lições dadas com
tanto carinho pela "nona" querida, não só pelo médico dedicado, Dr.
Bianco, mas porque souberam, com determinação e arrojo, fazer de uma terra
árida uma verdadeira civilização. Os pólos ocupados pelos italianos e seus
descendentes são motivos de orgulho para todos nós, gaúchos. Aprendemos dia a
dia o que é a verdadeira seriedade e como transformar o que parece negativo em
louros e glórias. Ao ocupar esta tribuna, na condição de Vereador de Porto
Alegre, não só homenageio os italianos deste Estado, não só resgato minha
memória de menino feliz que corria pelos campos para ouvir as histórias da
"nona", mas presto minha justa homenagem à amizade que uniu italianos
e brasileiros e que, tenho certeza, é o esteio do progresso e do entendimento.
Aos italianos e descendentes aqui presentes, meus cumprimentos e meus
agradecimentos por terem tido a coragem de enfrentar o novo mundo e dele fazer
seus lares. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver.
Jocelin Azambuja, que fala em nome da Bancada do PTB.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Meus prezados colegas Vereadores,
Senhoras e Senhores, dirigentes das diversas entidades de imigrantes italianos
que hoje temos em nossa Cidade, o nosso Centro Calabrese, o nosso Massolin de
Fiori, enfim, todas as entidades que estão aí sempre buscando preservar as
relações, os laços de tradições da colônia italiana.
Eu e o Ver. Paulo Brum resolvemos prestar esta homenagem de forma
conjunta porque achamos que esta Casa não poderia deixar de passar por um
momento tão importante na vida de todos os imigrantes italianos, que tanto têm
contribuído para o crescimento da nossa Cidade, do nosso Estado e do nosso
País, sem prestarmos, aqui, a nossa homenagem e fazermos uma reflexão da
importância que a colonização italiana trouxe ao crescimento do nosso País e,
em especial, da nossa Porto Alegre. Este ano a minha família comemora os 106
anos que meus avós embarcaram no porto de Gênova e acabaram chegando em Nova
Palma, e foi lá que se instalou a família Librelotto. Lamentavelmente, na minha
certidão de nascimento ficou só Jocelin Azambuja, mas, de repente, eu vou
incluir o Librelotto, pois o certo seria Jocelin Librelotto Azambuja. E a
família Librelotto se fixou em Nova Palma e se espalhou. Hoje já está no Mato
Grosso. Como toda a italianada fez, foi indo e colonizando e já estão no
Paraguai e em outros locais da América do Sul.
Nós nos criamos dentro dos princípios e da forma, pois os italianos que
vieram para cá buscaram, em primeiro lugar, se integrar de forma positiva ao
Brasil, buscar o seu desenvolvimento próprio, mas acima de tudo o
desenvolvimento do país que abraçaram, que todos nós abraçamos - meus avós,
meus pais. Um exemplo desses princípios bem delineados é o sentimento cristão,
que ajudou tanto aos nossos ancestrais que aqui chegaram para que tivessem
forças para enfrentar tudo o que lhes foi colocado à frente. O sentimento
cristão, o catolicismo, a religiosidade profunda foram muito importantes para
toda a colônia italiana porque deu a todos as forças necessárias no momento de
decisão de abandonar o seu país de nascimento, as suas famílias e de se dirigir
a uma terra desconhecida. Muitos vieram depois, já quando os precursores tinham
feito a base da colônia italiana, já tinham feito a integração, mas vieram aqui
também para trazer a sua contribuição. E hoje a colônia italiana é responsável
por coisas maravilhosas para o crescimento da nossa sociedade.
Um dia desses, conversando com a ex-Presidente da Associação do Bairro
Menino Deus - eu nasci no Bairro Nonoai e vivo há cerca de dezesseis anos no
Menino Deus -, a Profa. Alzira, que faz um trabalho de pesquisa sobre a Colônia
Calabresa, que se instalou no Menino Deus junto com os açorianos, descobriu-se,
por exemplo, que a primeira competição de ciclismo que aconteceu em Porto
Alegre foi entre a colônia italiana e a colônia alemã, os italianos do Menino
Deus com os alemães da Floresta. Claro que os italianos ganharam a primeira. Os
alemães não resistiram e quiseram a segunda, mas na segunda nós ganhamos de
novo. E até para dizer que nesse primeiro grupo ciclista tinha o Azambuja, que
era da Diretoria do Clube Ciclístico. Os italianos têm essa coisa: gostam de
competir, gostam de ganhar. Depois os alemães não convidaram mais os italianos
para fazer a competição; acalmaram-se.
Há essas características da comunidade italiana de procurar participar
de tudo. O italiano, com o seu espírito alegre, com a preservação da sua
cultura, busca sempre essa integração maravilhosa, com todas as raças, com todos
os segmentos. E vejam como a nossa colônia italiana se integrou de forma tão
positiva no nosso Estado, no nosso País, que hoje há uma relação tão positiva
que todos conseguem viver numa fraternidade muito grande, e isso é muito bom.
Bom para nós, bom para os nossos filhos e bom para o futuro do nosso País.
Nós temos certeza que os imigrantes italianos trouxeram sentimentos
profundos e necessários para o País, que precisa tantos crescer, tanto se
desenvolver. Estamos numa terra abençoada, numa terra maravilhosa, que
lamentavelmente, como sociedade, ainda não assumimos como deveríamos. Não
transformamos ainda o Brasil naquilo que o Brasil deve ser, mas tenho certeza
de que a colônia italiana, que os imigrantes italianos, que os descendentes
italianos estão comprometidos em fazer com que realmente o Brasil seja o grande
país amado por todos os brasileiros, forte, e que possa realmente construir
grandes gerações para o futuro.
Por isso fazemos esse registro hoje, relembrando a vinda dos nossos
antepassados e dizendo: todos nós de descendência italiana e todos aqueles que
não são de descendência italiana sentem a mesma fraternidade, o mesmo amor por
este País maravilhoso que é o Brasil. Vamos todos juntos continuar caminhando,
preservando as nossas culturas, as nossas raízes, que são tão importantes, mas
amando e fazendo com que este País cada vez mais cresça e que cada vez mais
esteja integrado nos laços de fraternidade, de amor com a nossa querida Itália
e com todos os países que querem realmente um mundo melhor. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Giovani Gregol está
com a palavra em nome da Bancada do PT.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) A Câmara de Porto Alegre
felizmente, acertadamente, tem homenageado há muito tempo, a se perder de
vistas, a Itália e aqueles que a deixaram, que viajaram da sua pátria-mãe,
pátria italiana, para este País, para este Continente - a América, cantada,
inclusive, com as músicas que nós tão bem conhecemos -, para este País, o
Brasil, para este canto do Brasil. Eu mesmo sou Vereador desde 1989 e, claro,
como bom descendente de italiano, tenho feito questão de todos os anos estar
aqui na tribuna representando a minha bancada, do Partido dos Trabalhadores,
nesses eventos, geralmente quando da comemoração da instalação da República
Italiana e outros eventos como este que, em bom tempo, o Ver. Paulo Brum
entendeu de homenagear.
Aqui nós temos nos encontrado, nos reencontros, e temos falado, trocado
idéias e informações, impressões, esperanças, expectativas sobre essa realidade
cada vez mais presente para nós mesmos e para a comunidade em geral, que é o
papel crescente que desempenha e desempenhará a colônia italiana no nosso
Estado, no nosso País e no nosso Continente.
Também tenho uma pequena história para contar. Meus bisavós também
vieram da Itália, e sempre digo e repito, com muita honra: em todos os lugares
que vamos, nós, descendentes de italianos, de qualquer condição, de qualquer
região da Itália, felizmente podemos e devemos sempre estufar o peito para
dizer que somos descendentes de italianos. Casualmente, eu sou descendente do
lado materno e paterno. Os bisavós de minha mãe eram da Lombardia, de sobrenome
Arrozzi, e da parte parterna, do nosso querido Vêneto, que são a maioria dos
imigrantes aqui do Rio Grande do Sul, com sobrenome... Nos documentos do meu
bisavô, na realidade era Giuseppe Griguol. Depois esse nome foi sendo
aportuguesado. Os nossos escreventes, talvez pouco letrados, foram escrevendo
de ouvido. Temos muitos parentes e são todos da mesma família.
Tenho falado muito sobre o passado. Sem nenhuma pretensão, como modesto
professor de história que sou, já falei do Império Romano, da cultura; de outra
vez, pessoas se emocionaram muito, porque li Dante, um dos maiores poetas da
humanidade. Mas quero falar sobre outro aspecto, porque em matéria de passado a
Itália tem uma cultura incontestável e, quanto mais se louvar, nunca a
louvaremos o bastante. Assim também é a cultura dos nossos ancestrais, aos
quais devemos a nossa alegria, a operosidade, a vontade de enfrentar os
problemas, o amor pelo trabalho, a religiosidade. A religiosidade é um fator
muito importante que herdamos. Lembro que a minha "nona" ajudou a
fundar a Igreja Santa Rita de Cássia; outros parentes ajudaram na construção da
Igreja Santo Antônio. Claro que tive as minhas brigas com a Igreja, porque
estudei em "colégio de padre" e lá pelas tantas - quem estudou nesse
tipo de colégio sabe - fica-se com raiva dos padres, pois levamos castigos.
Então, tive a minha fase anticlerical.
Então, vamos vivendo e, vivendo, vamos aprendendo. Dizem que essa é a
única vantagem de ficar velho. Ficando velho, podemos ficar, também, mais
sábios. Alguns não conseguem fazer nem uma coisa nem outra: não sabem
envelhecer e, muito menor, ficarem mais sábios. Mas nós vamos aprendendo e
vendo que os nossos antepassados nos deixaram exemplos de honestidade, de
coerência, que, entre outras, são características dos italianos, sem
menosprezar as outras etnias.
Gostaria de falar um pouco do futuro, porque somos um exemplo de
desenvolvimento, no bom sentido, para o Brasil todo. Aliás, não poderia deixar
de dizer que esse evento do MERCOSUL, da globalização - e é importante
ressaltar que os italianos estão espalhados no mundo inteiro; na Austrália há
uma grande colônia -, diz muito respeito a nós, descendentes italianos, porque
a presença da colônia italiana existe nos países incluídos no MERCOSUL. Todos
são importantes. Recentemente estive na Argentina e constatei a enorme presença
e força da cultura italiana em todas as suas regiões. Aqui estamos concentrados
na Região Sul. Lá estão espalhados pela grande Buenos Aires. Há pioneiros
italianos, como alguns ainda fazem aqui, em Rondônia. No Paraguai também
constatamos isso. Essas colônias italianas de todas as procedências, de todas
as regiões do MERCOSUL poderiam aproveitar esse mote e talvez desejar - e
desejando se inicia a mudar a realidade - que haja mais intercâmbio entre elas.
Ainda temos muito que fazer. Somos respeitados no Brasil inteiro pela pujança
econômica das nossas cidades, que são cidades com o maior índice de renda
"per capita" no Brasil - Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha
-, mas é preciso reconhecer que, mesmo nessas regiões, ainda há muita pobreza,
há muito que fazer dentro das nossas próprias colônias. Mais temos que fazer
porque somos, em média, mais ricos, mais informados, temos uma escolaridade
maior. Temos muito que fazer pelos nossos irmãos compatriotas do Rio Grande do
Sul e do Brasil inteiro, que vive uma enorme crise, talvez a maior crise
sócio-econômica de sua história. A própria Itália atual nos dá lição disso, de
como enfrentar a crise política - o caso das "mãos limpas". O próprio
Estado italiano, numa certa fase, quase soçobrando sobre o ataque conjunto - de
um lado, a Máfia, o narcotráfico, a ilegalidade; de outro, o terrorismo...
Aliás, todo terrorismo é muito parecido na sua essência. De outro lado, o
terrorismo da extrema esquerda, das Brigadas Vermelhas, que quase estraçalham o
Estado italiano. No entanto, a sociedade italiana soube unir-se em torno da
democracia, renegando o fascismo, renegando o totalitarismo, renegando as
opções autoritárias e ressurgindo novamente e levando a Itália, se não é
perfeita, a uma situação... Porque o mundo inteiro está em crise. É um país,
como sempre, respeitado e está entre as cinco ou seis maiores potências
econômicas do nosso planeta.
Acho que nos resta uma grande tarefa nesse sentido. A nossa região,
além do seu patrimônio econômico, está gerando, está amadurecendo um patrimônio
cultural muito grande. Eu digo que uma civilização se torna uma civilização não
quando ela é rica, mas quando ela é culta. Então, estão surgindo nesta geração
os nossos romancistas, descendentes de italianos, os nossos cineastas. Não é à
toa que o cinema brasileiro ressurge das cinzas com o filme "O
Quatrilho". Isso é muito importante. Quer dizer: nós estamos maturando
nesta nova geração. Os nossos filhos talvez não tenham mais o privilégio de
conhecer, como nós conhecemos, a polenta assada na chapa do fogão de lenha, não
tenham o privilégio de conhecer aquele minifúndio italiano aonde a luz não
chegava, não tenham o privilégio de conhecer aquele tio que ainda não usava
trator porque não tinha dinheiro - arava a terra com dupla de bois. Os nossos
filhos, talvez, não terão este privilégio, mas terão o privilégio de conhecer a
alta cultura, o romance, a poesia, a música, criada já nestas regiões do Brasil
e de outros países. Temos até um cartunista, o Iotti, que eu admiro muito. Eu
acho que é um sinal de civilização quando uma cultura cria um personagem: o
"Radicci". O "Radicci" sai diariamente nas páginas da
"Zero Hora", contando a sua própria história. Ele fez um livro muito
bonito em histórias em quadrinhos da vinda dos imigrantes.
Esses fenômenos culturais são muito importantes. Temos que fazer mais
nessa área. Acho que o Governo italiano também, através do seu Consulado, da
sua Embaixada, da iniciativa privada. Acho que as relações econômicas e
culturais com a Itália e Brasil são boas, mas poderiam ser muito melhores,
muito mais intensas do que são. Temos um grande papel porque temos cultura a
investir nessa área. Eu sei que a Massolin di Fiori tem cumprido um grande
papel, mas temos que avançar muito mais. Quero deixar esse sentimento de fazer
mais, melhor, que veio da nossa gente. Eu vejo, sem demérito... Freqüentamos
institutos culturais de outros países, inclusive da Europa, e agora a situação
já não é tão díspar. Por que a cultura italiana, que tem uma presença tão
grande no Brasil, também não tem uma presença cultural, ciclos de cinema? Sou
um fanático pelo neo-realismo italiano. Não temos maiores estudos da literatura
italiana, da literatura da Península, que é, talvez, uma das melhores do mundo,
mais presentes aqui na nossa terra. É possível melhorar bastante, e isso é uma
responsabilidade nossa, de todos aqueles brasileiros que são portadores do
sangue italiano, e disso nos jactamos e vamos querer sempre nos jactar, muito
mais porque aquilo que propugnamos, que é nosso motivo de orgulho, é válido,
verdadeiro. Queremos continuar a agir coerentemente com a nossa herança para
deixar aos nossos filhos, para as futuras gerações, para a nossa pátria uma
contribuição ainda melhor.
Em nome do PT, agradeço a atenção. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver.
Reginaldo Pujol em nome da Bancada do
PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Exmo. Presidente da Câmara
de Vereadores, Ver. Airto Ferronato, cuja ascendência italiana dispensa
comentários - o próprio nome assim o indica. (Saúda os componentes da Mesa.)
Srs. Vereadores, Senhores e Senhoras, evidentemente que a Bancada do Partido da
Frente Liberal, neste instante em que a Casa se reúne para saudar os 120 anos
da colonização italiana, não poderia se fazer omissa. Nós já tivemos o ensejo
de ouvir belos pronunciamentos entre os quais ainda ressoa nos nossos ouvidos o
pronunciamento do Ver. Giovani Gregol que, como descendente direto de italiano,
se alongou em judiciosas colocações acerca da importância dos italianos na
configuração do nosso País e, especialmente, do nosso Rio Grande. O Ver. Brum,
que confessava que na sua infância havia tido contato com os meninos italianos
que com ele brincavam e com a "nona", com quem teve a oportunidade de
aprender várias lições positivas, me remete a um raciocínio muito especial que
certamente o Ver. Artur Zanella, com quem convivo há longos anos, tem mais
facilidade de apreender do que propriamente os demais integrantes deste
sodalício. O Zanella e eu nascemos muito longe daqui, em Quaraí, e em Quaraí
conhecíamos poucas raças: os pêlo-duro, aos quais eu me integrava, ou seja, os
descendentes de portugueses e espanhóis que haviam lançado as marcas do Rio
Grande e do Brasil no extremo meridional; os castelhanos, que moravam do outro
lado do rio; os turcos, incluindo os libaneses, jordanianos, sírios, enfim,
todos que deixaram de ser mascates e se transformavam em comerciantes; e alguns
poucos gringos, assim identificados aqueles poucos descendentes de italianos
que iam chegando a Quaraí nos anos 40 e 50 e que hoje representam toda a força
viva e a força econômica da nossa Cidade.
Eu, que na minha ascendência tenho uma pequena presença de sangue
italiano, fui conhecer o primeiro gringo na figura do tio Zanini, um gringo que
havia saído lá de Santa Maria, mais precisamente de São João do Polesine, para
iniciar o cultivo do arroz em Quaraí. Mais tarde - o Zanella deve se recordar
disso - a gente, lá em Uruguaiana, interno em um colégio de padre, já começava
a ter contato com os gringos da colônia rizícula, e o Zanella não passava como
italiano naquela época, ainda sendo considerado meio pêlo-duro. Hoje, aqui em
Porto Alegre - e depois de ter ampliado a minha convivência, de ter, inclusive,
conhecido algumas "nonas", como a do meu querido Grazziotim, que lá
em Nova Prata pela primeira vez me apresentou uma "polpetta",
transformando-me em escravo do Restaurante Copacabana, iniciando-me na
dominação italiana pelo paladar, pela qualidade do trabalho -, aqui em Porto
Alegre vivemos hoje de italiano em italiano. Saímos do Copacabana, vamos para o
Barranco, depois para o Moinhos de Vento, entramos no Zaffari e numa casa
comercial. Em todo lugar está presente, forte, radiosa, simpática, a presença
dos nossos italianos, dos nossos gringos, que são bem melhores que os outros
gringos que nós conhecemos: são felizes, nos transferem felicidade e têm
contribuído fortemente para a construção desta nossa Nação, esta nossa Nação
tão mesclada em que eu considero, por exemplo, a um só tempo, ser descendente
de italiano, português, espanhol, francês e ter uma fisionomia de turco. Tudo
isso nos faz ficar tranqüilos e vir em uma Sessão Solene como esta, em que se
acentua a importância da comunidade italiana na vida do Rio Grande do Sul e o
significado dos festejos dos 120 anos da presença italiana aqui, no Rio Grande
do Sul, e com a maior tranqüilidade dizer que nós nos sentiríamos muito tristes
se não pudéssemos ter participado desta solenidade e desta festividade. Aqui
não só reencontramos amigos, aqui não só reafirmamos alguns conceitos, como
temos a oportunidade de acentuar o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre aos
nossos italianos, aqueles que aqui nasceram ou que nasceram por este Rio Grande
afora e aqui vieram se estabelecer com suas entidades empresariais, fazer o
cotidiano da nossa Porto Alegre e contribuir para que ela seja mais alegre, mas
feliz, mais tranqüila e, sobretudo, mais jovial e barulhenta.
Aos italianos as minhas homenagens, as homenagens do PFL. E agora é
"manjiare e bebere". Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Sra. Nelci
Casara, Coordenadora dos festejos dos 120 anos da Colonização Italiana.
A SRA. NELCI CASARA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.)
(Lê.)
"Ao ensejo da comemoração dos 120 anos da imigração italiana no
Rio Grande do Sul, o Governo do Estado criou uma Comissão Executiva para
coordenar as atividades relativas ao evento e articular as diversas instâncias
da comunidade gaúcha, tendo em sua composição a Universidade de Caxias do Sul,
que detém a presidência, representada pela Profa. Cleodes Maria Piazza Ribeiro,
o Comitato degli Italiani all’Estero, representado pelo Sr. Adriano Bonaspetti,
as Secretarias Estaduais da Educação, Cultura e Turismo, que temos a honra de
representar, a Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste,
representada pelo Sr. Paulo Roberto Dalsochio, Prefeito de Farroupilha, e os
Municípios da 4a. Colônia Italiana do Rio Grande do Sul, representados
pelo Sr. José Itaqui.
Por delegação da Sra. Presidente da Comissão, impedida de comparecer
por motivos alheios à sua vontade, queremos trazer o nosso agradecimento à
Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre e, em especial, ao Sr. Ver. Jocelin Azambuja pela indicação
para esta homenagem de cuja importância só nos damos conta ao refletir que esta
é a Casa do Povo de Porto Alegre e que esse povo, hoje, pára por um momento,
volta-se para uma etnia que ajudou a construir este Estado, abraça-a com
carinho e a reconhece como um dos pilares de sua identidade.
Não há como entender e explicar o presente nem planejar o futuro sem
buscar no passado, na visão dos que nos antecederam, nos seus sofrimentos e nas
suas lutas, no legado de suas crenças e, principalmente, na expressão do
exercício do cotidiano os instrumentos para a formulação de um perfil cultural
forte e pleno de auto-estima.
A grande imigração italiana para o Rio Grande do Sul, que teve início
em 1875, fixou-se em duas áreas do solo gaúcho: a Encosta Superior do Nordeste
e a Depressão Central, onde aportaram imigrantes provenientes de diferentes
regiões do Norte da Itália, componentes culturais diferenciados, como os
diversos falares dialetais (que levaram, posteriormente, à criação de uma língua
comum de dialetos fundidos e vocábulos portugueses.)
Às dificuldades da língua somavam-se as da integração geográfica. As
trocas culturais exigiram adaptações para que a tecnologia e o tipo de
organização trazidos se entrelaçassem com a cultura estabelecida e dominante no
Rio Grande do Sul. 'Esta é uma história de trocas, mas igualmente de conflitos,
umas e outras deixando suas marcas na fisionomia cultural da região', diz José
Clemente Pozenato.
O que era um projeto individual, no máximo familiar, pela razão da
sobrevivência, pela exigência das situações novas, pela mobilização das forças
do grupo, tornou-se um projeto coletivo. Se a miséria e a fome, pela expansão
do capitalismo europeu, que vitimavam as populações da zona rural e aldeias da
Itália, foram a causa primeira da vinda dos imigrantes, o Brasil também
realizava forte campanha para atrair a mão-de-obra européia para o povoamento
de suas colônias. O imigrante buscava terra para cultivar; trabalho para
sustentar a si e sua família e liberdade para viver. Buscava a terra prometida
e o fim da sujeição. A sua trajetória fez conviverem com a esperança, o
sofrimento, a morte e o isolamento. Faltou-lhe muitas vezes apoio da pátria de
origem e a força e o estímulo da pátria que adotava.
Diz a Profa. Cleodes Maria Piazza Ribeiro que '120 anos de imigração
italiana no Rio Grande do Sul é o tempo em que se desenvolvem as
características particulares, as instituições e o estilo de vida na Região
Colonial Italiana, que se traduzem no fato de ter se processado nesse tempo não
a italianização de uma parte do Brasil, mas a brasilização de milhares de
italianos em solo gaúcho'. A partir dessa colocação, tem-se clara a necessidade
da consciência da importância da preservação dos valores culturais para que se
mantenha a identidade de nossas comunidades.
O grande desafio - concreto, físico, psicológico, social e cultural -
que iniciou há 120 anos é hoje a história da colonização italiana no Rio Grande
do Sul. E esse tem sido um tempo de construção. Se muitas foram as dificuldades
e frustrações, essas se tornaram a alavanca que deu origem ao espírito de
iniciativa que impulsionou a caminhada e ao espírito de cooperação e
solidariedade que a suavizou, somando esforços dos italianos e dos
não-italianos, que se deram as mãos. Não há como pensar a história do Rio
Grande do Sul sem nos voltarmos para a saga da imigração, sem evocar seu
sofrimento, sua luta e suas conquistas. Nós, os descendentes de italianos e os
não- descendentes, temos consciência de sua importância e comemoramos essa
contribuição. E se nós, rio-grandenses, somos assim, é porque essa caminhada de
histórias anônimas e de persistência aconteceu. Que as novas gerações possam
identificar e levar essa bagagem nas próximas viagens.
A Comissão Executiva dos 120 Anos da Imigração Italiana no Rio Grande
do Sul, pelas instituições e entidades que representa, agradece a resposta que
a Câmara de Vereadores de Porto Alegre dá a essa importante mobilização,
mobilização que pretende desencadear o processo de valorização de todas as
culturas históricas da sociedade gaúcha, visando a busca de raízes do
Estado."
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, o
Coral Massolin de Fiori esteve todo o mês de outubro na Itália, na região de
Vêneto, a convite da Associação de Migrados Italianos para a América e
Austrália, onde fez várias apresentações. Aqui presente, o Maestro Gil Salles,
que é Cidadão Emérito de Porto Alegre. Todos os integrantes do Coral são
descendentes de italianos.
Hoje fiquei sabendo que sou quase conterrâneo do Ver. Paulo Brum, eis
que me criei no interior do interior de Arvorezinha. Ouvindo os
pronunciamentos, lembrei-me do local onde cresci: lá não tínhamos luz,
telefone, veículos; não tínhamos estradas. Isso há quarenta anos. Essa vida de
interior nos deu uma visão extraordinária do que é a vida no interior do
Estado. A minha mãe era professora e lecionava para o primeiro adiantado,
primeiro atrasado, segundo atrasado. Era uma professora para dez, doze turmas,
pois sempre tinha a adiantada e a atrasada. Uma das coisas que o professor
fazia era, também, ensinar o português, eis que todos os moradores falavam o
nosso dialeto italiano, e essa convivência nos traz importantes pontos de
reflexão.
Cumprimento os Vereadores Jocelin Azambuja e Paulo Brum, autores desta
homenagem, e todos os Vereadores presentes. Agradeço a presença das nossas
autoridades e de todos os senhores. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 20h07min.)
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